Durante a Idade Média, e até início do século XVI, milhares de pessoas morreram porque uma igreja tinha o poder absoluto, alegando ter autoridade dada por Deus. E em nome de Deus, crendo serem seus representantes, os dirigentes, chefes dessa igreja, monopolizava a verdade, impondo aos seus membros, (ou não membros) sob pena de tortura, excumunhão e morte, aquilo que eles determinavam como a única verdade. Acreditavam e ensinavam que ninguém, a não ser eles, o clero, poderia interpretar as Escrituras; ninguém poderia receber qualquer luz da Verdade independentemente deles. Até os homens da ciência eram submetidos ao crivo da aprovação dos guias da igreja. Se o ministério não visse luz a teoria ou descoberta científica teria que ser abandonada. Em matéria de fé era bem pior. Não bastava crer nas Escrituras, em Deus, em Jesus Cristo; tinham que aceitar as tradições, os dogmas, as interpretações da igreja e as doutrinas estabelecidas.
Com as igrejas reformadas não foi muito diferente. Alguma coisa mudou, havia que mudar, ou não surgiria novas organizações com novos dirigentes; mas o princípio era o mesmo: monopólio da verdade, hierarquia, imposição de doutrinas, e o exercício do poder abusivo. Algumas lições do Evangelho são seguidas apenas para satisfazer seus próprios interesses. Os interesses dos guias, dos chefes, chamados de pastores, reverendos, ministros, que atuam como donos da igreja, donos da verdade. E também, como a igreja-mãe, julgam, condenam, castigam, aqueles que da membresia, discordam de alguma forma de doutrina ou dogma. Sim, não existe mais o cadafalso, a fogueira, os porões de tortura, a "santa inquisição"; mas existem as "comissões", os "conselhos", as torturas e ameaças psicológicas. Espiritualmente matam tanto quanto se matavam fisicamente. Também fazem exaustiva mensão de uma autoridade recebida de Deus; de que são os únicos portadores de luz; os únicos a quem Deus dá qualquer conhecimento da verdade. E se um membro leigo tiver qualquer vislumbre, qualquer lampejo de luz, deve submetê-la à apreciação dos guias. Se eles disserem que está correto, o que dificilmente acontece, bem. Se não, é melhor parar, ou sofrer as consequencias.
Jesus sofreu as consequências. Ele mesmo disse: "Graças te dou, ó Pai, Senhor do céu e da terra, porque ocultaste estas coisas aos sábios e entendidos, e as revelaste aos pequeninos". (Mateus 11:25).
Quem eram os que se consideravam sábios e entendidos? O guias religiosos, sumo-sacerdote, sacerdotes, escribas, ou seja, o ministério; e eles também com a mesma teoria de que eram o único canal de luz, os únicos com quem Deus poderia se comunicar, rejeitaram a Cristo, e afirmaram: "Creu nele porventura alguma das autoridades, ou alguém dentre os fariseus?" (João 7:48).
Como hoje, eles queriam o monopólio da verdade.